Teoria da Mudança: passinho a passinho no sentido da transformação social

A Teoria da Mudança é um conceito relativamente novo e bastante disseminado entre os ditos “empreendedores sociais”, mas importa lembrar que não é só no âmbito do empreendedorismo social que o mesmo se aplica e faz sentido. A pertinência Teoria da Mudança vai mais além e, tal como o próprio nome indica, é uma ferramenta essencial para medir o processo de “mudança” e de todas as transformações - positivas e negativas - que determinado projeto, ação ou intervenção tem e teve na comunidade ou ecossistema onde foi implementado. 

Assim sendo, a teoria da mudança pode e deve ser utilizada em qualquer iniciativa que vise a mudança e a transformação social, seja ela uma organização social, um projeto de intervenção e/ou empresa social. É, acima de tudo, uma forma de permitir que as organizações sociais reflitam e descrevam o que pretendem alcançar (impacto) e como (de que forma), enquanto promotores de determinada iniciativa de impacto social. É, ainda, uma ferramenta essencial para validar, incentivar, melhorar e continuar as boas práticas no âmbito da intervenção social, algo igualmente fundamental para garantir a sustentabilidade das organizações promotoras de uma ou várias iniciativas que promovem o desenvolvimento. 

São várias as questões e receios sentidos pelos diferentes atores das iniciativas de impacto social. Como se trata de uma área multidisciplinar, alguns promotores nem sempre se sentem suficientemente capazes de dar o passo seguinte e formalizar uma candidatura com o seu respetivo plano de avaliação. Para tal, e para fundamentar a ideia que se trata de um processo devidamente organizado e partilhado à partida, também acessível a todos, quando pensamos nesta teoria e ferramenta de monitorização das transformações sociais - a Teoria da Mudança -, importa antecipar os factos e planeá-la devidamente, refletindo sobre as seguintes questões, que aqui resumimos em dez etapas essenciais: 

  • Identificação do problema social (Qual a problemática que se pretende resolver? Quais os recursos disponíveis?); 
  • Definição do público-alvo (Quem são os principais beneficiários da iniciativa?)
  • Descrição do impacto social esperado (Que tipo de mudanças se esperam?); 
  • Definição dos resultados que se pretendem atingir (Que mudanças em concreto?); 
  • Desenho das atividades e ações do projeto (Quais as atividades previstas?);
  • Delineamento dos mecanismos que levarão à mudança (como é que as atividades permitirão que a mudança ocorra? Como e porque é que são atividades especiais?); 
  • Definição da sequência dessas mesmas ações (porquê naquele timing?); 
  • Desenho da teoria da mudança (construção do processo que visa a mudança - objetivos, meios, et. -, que permitirá aferir o sucesso (ou não) da iniciativa em questão); 
  • Identificação de parceiros-chave (Porquê aquela organização ou grupo de pessoas associadas à iniciativa? Quais os seus contributos específicos para a iniciativa?); 
  • Clarificação dos pressupostos da iniciativa (o que esperar? o que pode falhar? como contornar os desafios?).

Sendo capazes de responder a todas estas questões de forma lógica e organizada, aplicar a Teoria da Mudança na análise de todas as transformações sociais é só mais um passo fundamental na jornada daqueles que pretendem acrescentar valor ao mundo, em geral, e à iniciativa, projeto, organização social, em particular. 

Dúvidas? A Impacto Positivo está à sua disposição.  

Joana Paula Silva

17 de setembro de 2021

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