Preocupa-se com a transparência da sua Organização? A Avaliação de Impacto também ajuda nesse processo.

A transparência nas organizações, sejam elas governamentais ou não, é cada vez mais importante nos dias que correm. Se por um lado transmitem e promovem a confiança entre os seus principais beneficiários, parceiros, diversos stakeholders e colaboradores, por outro multiplicam as possibilidades de crescimento da organização, não só tornando-a mais sustentável do ponto de vista financeiro e existencial, mas também merecedora de mais e mais notoriedade. A pergunta é: porque é que merecemos tal investimento, oportunidade e confiança por parte daqueles elementos-chave?

Uma das grandes características de proceder a uma Avaliação de Impacto rigorosa é permitir que as organizações validem e demonstrem a eficácia das suas iniciativas de forma simples, detalhada e clara para todos. Afinal, com “aquele valor = €€€” quais os benefícios reais obtidos? O que conquistamos? Onde chegámos? Estas são questões frequentes que merecem respostas concretas.  

É cada vez mais comum abrirmos um site de uma organização e depararmo-nos com números - os números de pessoas envolvidas e impactadas pelos projetos que desenvolvem - e pequenos excertos de testemunhos dos seus respetivos beneficiários. No entanto, esses números e contributos são meramente indicativos e, por vezes, até redutores do real poder transformador que certos projetos têm em determinadas comunidades. Para as entidades financiadoras, para os parceiros e investidores sociais, importa não só apresentar a informação devidamente estruturada e de fácil leitura, como capaz de justificar todo o investimento feito na causa. Não basta apresentar números - dados quantitativos (quantos?) -, é preciso devolver dados de qualidade, ou seja, “como e em que circunstâncias é que tal investimento vale a pena?”. 

Dizer que a organização “X” chegou e impactou cerca de 2000 pessoas ao longo da execução de determinado projeto não é o mesmo que dizer que a mesma alcançou 2000 pessoas, melhorando, por exemplo, a sua performance no que toca à participação cívica e comunitária ao longo de determinada intervenção. Embora a palavra “impacto” seja reconfortante e pareça constantemente positiva, é importante não esquecer dois aspetos fundamentais: 

  • O impacto social oscila sempre entre dois pólos opostos - o positivo (benefícios - ex.: aumento do sentimento de pertença e participação comunitária) e o negativo (consequências negativas, normalmente imprevistas - ex. exclusão de determinados grupos etários e/ou aumento de atitudes xenófobas e promotoras de exclusão social);
  • O impacto é muito para além dos dados quantitativos obtidos, sendo que são essencialmente os dados qualitativos que nos permitem chegar mais além e perceber o real significado das transformações. A combinação de ambos - dados quantitativos e qualitativos - é sempre o caminho mais rico, transparente e eficaz. 

Por exemplo, quantas vezes pensou desta forma - “Este espaço está muito melhor, muito mais bem cuidado e com mais pessoas envolvidas na sua preservação.”? Por acaso refletiu sobre a verdadeira (ou uma das verdadeiras causas) das transformações que observa? Poderá ter sido porque, por exemplo, foi criada uma iniciativa, uma empresa, um acordo e/ou uma medida recentemente que, através da sua existência a médio/longo prazo, tem promovido esta mudança. O turismo, por exemplo, não se desenvolveu porque há cada vez mais turistas, mas sim porque nos últimos anos se tem verificado uma democratização ao nível dos transportes aéreos (ex.: surgimento de companhias de aviação low cost) e porque as tecnologias de informação e comunicação parecem encurtar a distância física efetiva e o desconhecimento de determinados ambientes, nações, contextos, possibilidades de alojamento e até dos indivíduos.   

Se se avaliarem determinadas iniciativas a longo prazo, de forma estruturada e devidamente planeada, é sempre mais fácil perceber as causas de determinada mudança, eventualmente os fatores que influenciaram a mesma e de que forma é que, numa fase posterior, se pode justificar a pertinência de uma nova intervenção e projeto. Se soubermos exatamente o que queremos (objetivos do projeto, o que pretendemos medir e avaliar) e como é que podemos olhar de forma abrangente e, ao mesmo tempo, objetiva para os resultados obtidos (como é que os atingimos?) será sempre mais fácil conquistar não só a atenção dos outros, como facilitar o entendimento de determinadas mudanças, melhorando os processos e deixando cada vez mais claro o porquê de estarmos aqui ou ali naquele momento, tornando, à priori, mais transparente qualquer intenção das organizações ou iniciativa. 

Joana Paula Silva

1 de outubro 2021

Relacionados

Ver mais